sábado, 21 de novembro de 2009

O drama de Daniela

O motivo que me fez ficar 45 dias sem postar neste humilde blog é o mesmo que me faz postar agora.
Até poucos dias atrás, vivi com minha família um drama que nos trouxe grande apreensão. No centro desse drama, minha filha Daniela!
A Dani é uma menina com necessidades especiais. Ela tem dificuldades motoras, na fala e de aprendizagem. O nome genérico dado ao problema pelo neurologista é Transtorno Global do Desenvolvimento. Temos tentado por vários meios estimular a evolução da Daniela, que continua com alguns anos de atraso, mas tem tido bons avanços.
Há cerca de três meses e meio, porém, um novo drama surgiu, para nos encher de incertezas e medos: ela começou a mancar. Procuramos especialistas em Caxias do Sul, cidade com mais recursos que Vacaria, minha cidade. Descobrimos que ela tinha grande desvio na coluna, o que provavelmente explica seu caminhar irregular.
Entretanto, um dos exames mostrou algo mais: um tumor na glândula suprarrenal esquerda. Nenhum exame foi capaz de esclarecer sobre a gravidade do caso.
Imaginem nossa angústia, imaginando que o tumor podia ser maligno, que nossa filhinha corria risco de morte. No entanto, precisávamos ser fortes, manter a serenidade, passar confiança para ela.
Uma equipe de médicos dedicados e competentes decidiu pela remoção da glândula. Passamos quase um mês no Hospital Pompéia, eu e minha esposa nos revezando na companhia da Dani, engolindo nossos temores para influenciar positivamente seu ânimo. Conseguimos, também com ajuda das orações de inúmeros amigos, influenciar inclusive a nós mesmos, tanto que eu adquiri uma quase-certeza de que o tumor era benigno. Mesmo assim, temia uma cirurgia complicada como a que aguardava minha filha, pois o risco de 5% mencionado pelo médico é altíssimo na cabeça de um pai.
A Daniela sabia que faria a cirurgia, mas não teve muita noção das possibilidades. Um dia, porém, cortou-me o coração ouvir ela dizendo, ainda que meio de brincadeira:
— Pai, eu vou morrer?
Ainda que eu estivesse condicionado a pensar positivo, ainda que eu sorrisse, minha voz se embargou ao garantir que não.
Passamos horas terríveis enquanto a cirurgia tinha andamento, mas tudo transcorreu perfeitamente. Em cinco dias, minha filha estava em casa.
Três dias depois, o médico me falou que a biópsia, embora ainda não concluída, apontava para um tumor benigno. No entanto, falou que ela, quando bebê, teve câncer (neuroblastoma) na glândula suprarrenal, e que, por regressão espontânea, o tumor virou benigno (ganglioneuroma). Essa regressão ocorre raramente, sempre entre a concepção e os 6 meses de idade. Resumindo, ela tinha essa anomalia há mais de 13 anos!
Dá um arrepio só em pensar que ela teve uma doença tão grave e ficou curada sem sabermos de nada. Mas que bom que Deus quis assim!
Não posso deixar de agradecer a todos os amigos, virtuais ou não, que rezaram e torceram por ela, e que nos deram palavras de apoio e de coragem. Também não posso deixar de agradecer, de jeito nenhum, às forças superiores e generosas que reverteram, no passado, uma doença gravíssima, e que guiaram a mão dos médicos na cirurgia.
Agora, a caminhada continua. Precisamos corrigir a coluna de nossa menina e estimular seu desenvolvimento.
Estamos felizes, pois o pior passou.
Muito obrigado a todos!